As pessoas que costumam passear a noite na Praça 1º de Maio, em Timóteo, passaram a contar com uma atração bastante especial. Há alguns meses, o coreto da praça serve como espaço para os encontros e ensaios do Grupo de Teatro Atempus, de Timóteo. “A idéia de reunir no coreto aconteceu por acaso. Numa noite em que não foi possível reunir em nossa sede, resolvemos ir para a praça, recém restaurada. Lá, encontramos um coreto iluminado e desocupado, onde nosso barulho não incomodava ninguém”, relata o ator Luiz Henrique Siqueira, integrante do Atempus.
Os encontros e ensaios, que acontecem todas as quintas-feiras, de 19h30 às 21h30, já se tornaram a grande atração do local. “Hoje, tem pessoas que vão ao coreto para assistir aos nossos ensaios. Às vezes, algumas até interagem com a gente”, lembra a atriz Mari Antonaci, que ainda revela algumas situações engraçadas enfrentadas pelo Grupo na praça. “Algumas vezes, tivemos ensaios interrompidos por crianças e uma pessoa alcoolizada, mas lidamos com isso com muito bom humor. Temos consciência de que estamos num lugar público e temos que saber dividir. O mais válido é perceber a interação da nossa comunidade com o processo de construção teatral. Essa experiência tem sido maravilhosa”, diz Mari.
História do Grupo
Criado em agosto de 2008, o Atempus se formou pela junção de ex-alunos do Curso de Teatro Arte em Ação, ministrado desde 2002 pelas professoras Rúbia Maroli e Lílian Araújo, por meio do Departamento de Educação e Cultura da Fundação ArcelorMittal Acesita. “As primeiras reuniões aconteceram no terraço da minha casa. E foi neste local que produzimos e ensaiamos nosso primeiro trabalho: a esquete teatral “Guerra da Água”, que apresentamos no Arte Nossa e no Festival Arte Viva, da Fundação ArcelorMittal Acesita, ano passado”, lembra Mari Antonaci.
Em dezembro 2008, a professora e atriz Rúbia Maroli, percebendo a seriedade do trabalho, se integrou ao seus ex-alunos, para compor o grupo que atualmente conta com os atores: André Rissi, Ariane Gandra, Camila Vaz, Francis Fernandes, Leandro Santana, Luiz Henrique Siqueira e Mari Antonaci. Também contribuem com o Grupo, o ator Alexandre Gonçalves e o escritor e dramaturgo Beto Oliveira.
Sobre a escolha do nome Atempus, os integrantes relatam que ele reflete o próprio discurso de seus integrantes, que sempre tiveram o desejo de formar uma companhia teatral na cidade. “Sempre brincávamos que há tempos tínhamos vontade de fazer parte de um grupo de teatro, que há tempos investíamos em cursos e oficinas teatrais sonhando em trabalhar profissionalmente com teatro. Daí, surgiu o nome do Grupo”, explica o ator e bailarino, André Rissi.
É visível nos integrantes do Grupo a vontade de crescer no meio artístico e alcançar um reconhecimento local, por meio da arte. “Almejamos a profissionalização através do teatro. Temos a intenção de participar de festivais amadores e, futuramente, profissionais”, sonha o ator Francis Fernandes.
Em busca de patrocínio
Atualmente, o Atempus se mantém com recursos próprios, mas está em busca de patrocinadores. “Temos o apoio da Fundação ArcelorMittal Acesita que nos emprestou o espaço do palco para nossos ensaios, uma vez por semana, mas gostaríamos de estabelecer outras parcerias.Ano passado, também recebemos o apoio do produtor cultural Ricardo Maia, que oportunizou ao grupo uma oficina, por meio do Projeto Interferências Cênicas”, diz Rúbia Maroli.
Quem tiver o interesse em conhecer melhor o trabalho do Grupo Atempus pode fazer contato pelo telefone (31) 8872-2351 ou e-mail
grupoatempus@gmail.com .
Grupo prepara seu primeiro espetáculo
Hoje, o Grupo Atempus se prepara para montagem do seu primeiro espetáculo: “A Família de Arthur”. O texto é do escritor e dramaturgo conterrâneo, Beto Oliveira. “Esse texto é uma paixão antiga. Quando o li pela primeira vez, prometi que um dia atuaria ou dirigiria este espetáculo. Fiquei muito feliz e surpresa com a aceitação unânime do grupo pelo texto. Acredito que foi importante ter esperado o momento certo”, explica Rúbia Maroli, que acaba de conquistar o registro de atriz profissional, pelo Sated/MG, e comemora neste ano dez anos de carreira.
Para a montagem teatral, que é desenvolvida de forma coletiva, cada integrante do Grupo assume a responsabilidade de uma função, entre elas: figurinista, cenógrafo, sonoplasta, diretor, preparação corporal e vocal. Por contar com quatro personagens, o Grupo também optou por desenvolver o espetáculo com dois elencos. “Trabalhar com dois elencos nos possibilita driblar, de forma mais fácil, a falta de disponibilidade de alguns em determinados momentos, uma vez que ainda não podemos viver apenas de arte, como sonhamos. E ainda enriquece a criação, afinal, mais cabeças têm mais idéias”, explica Rúbia Maroli, que assina a direção do espetáculo.
Ensaio aberto
No dia 29 de julho, às 19h, no Teatro do Centro Cultural Fundação ArcelorMittal Acesita, o Atempus apresentará um ensaio aberto da “Família de Artur”, com entrada gratuita. “Esta iniciativa tem o objetivo de experimentar a recepção do público e proporcionar um olhar da platéia para o processo de montagem de um espetáculo”, destaca a diretora Rúbia Maroli, que convida a todos os profissionais e amadores das artes cênicas, além de demais interessados pelo campo da arte, para conhecerem, contribuírem e interagirem com o processo de construção do espetáculo do grupo.
Ainda neste mês de junho, e no início de julho, o Atempus marcará participação especial em duas mostras teatrais de encerramento do Curso de Teatro Arte em Ação, que serão apresentados no Teatro do Centro Cultural Fundação ArcelorMittal Acesita: dias 29 e 30 de junho, às 19h30, o espetáculo “Em Cena”, e dias 1º e 2 de julho, às 19h30, o espetáculo “Um pouco de Cecília”.
Além disso, também neste mês o grupo participará do trabalho de dublagem de um desenho animado, que encerra o curso de Animação em 3D, promovido por Elizeu Mól, por meio da Filminas. Esporadicamente, o Atempus apresenta esquetes teatrais para empresas.
A Família de Arthur
A Família de Arthur é um drama em quatro atos que apresenta uma relação familiar, evidenciando a interferência de cada membro na ação, vida, sonho e rotina dos outros membros da família. Trata-se de uma família composta só de irmãos que têm suas vidas e escolhas questionada a partir do voto de silêncio de um deles. “Minha intenção nesta dramaturgia é mostrar a presença de uma ausência fundada na recusa de um irmão. Muitas vezes esquecemos ou não paramos para pensar em como uma recusa pode gerar tantos outros conflitos”, diz o dramaturgo Beto Oliveira.
“Através desta dramaturgia é possível enxergar como a nossa família é determinante em nossas escolhas. E como o teatro é a arte da identificação, afinal, já o definiram como a arte que coloca o homem diante do homem. Invisto neste espetáculo não como fórmula tradicional de sucesso, mas no risco que é inerente à arte e na busca de um novo olhar para dentro de nós e de nossas famílias”, finaliza a diretora Rúbia Maroli.